Actualmente, e com as consecutivas alterações legais e com a Segurança Social implementada e generalizada, as Casas do Povo perderam muita da sua importância mas mesmo assim, continuam a ser entidades que nalgumas comunidades desenvolvem notáveis actividades nas áreas sociais, culturais e desportivas. A Casa do Povo de Vizela não é excepção, desenvolvendo actualmente actividades diversas como damas clássicas, o ténis de mesa, o BTT e downhill (competição), no âmbito desportivo, para além do Grupo de Reis e Grupo de Cavaquinhos que em termos musicais, vão preservando as tradições e abrilhantando espectáculos. As suas instalações dispõem de um espaço utilizado por grupos teatrais, bem como por outras entidades para ali realizarem os seus eventos. Integrado no mesmo edifício, existe outro espaço onde funciona um bar, conhecido por “café da Casa do Povo”, ponto de encontro de inúmeros cidadãos para momentos de convívio e lazer.
Numa nova realidade, a Casa do Povo continua a desempenhar o seu papel na comunidade, sendo ainda uma instituição de referência actual, sem esquecer, certamente, o seu passado.
3.1 Análise ao arquivo documental
No arquivo documental, o acervo referente ao período áureo da Casa do Povo de Vizela encontra-se reduzido a alguns livros de actas, de inventário, de registo de correspondência, de receitas e despesas do rancho folclórico e alguma correspondência enviada, bem como um álbum com fotografias diversas, nomeadamente de um momento importante do seu historial, como foi a inauguração da sede. Conforme se pode confirmar no livro de inventário, para além dos referidos, existiram livros de caixa, de descarga de quotas, de conta corrente com o orçamento e de registo de sócios. Desta forma, o acervo documental seria muito mais vasto e abastado, caso não fosse, parte dele, destruído ou extraviado após Abril de 1974. No entanto, não poderei deixar de referir a ausência das fichas dos sócios (efectivos e contribuintes) daquele período que, para além do empobrecimento do arquivo documental histórico da instituição, impossibilita uma análise mais rigorosa ao envolvimento económico-social e cultural da comunidade com a mesma.
3.1.1 Os livros de Actas
Os livros de Actas disponíveis correspondem ao exercício dos diversos órgãos que constituíram os corpos directivos ou comissões administrativas da Casa do Povo, com se sucedeu aquando da sua criação. Assim, e numa análise apenas identificativa, constam os seguintes livros:
- Livro de Actas da Assembleia Geral - com 50 folhas rubricadas, com as datas extremas: 31 de Janeiro de 1952 (Termo de Abertura e Acta nº1) a 28 de Dezembro de 2002 (Acta nº 57) e com o Termo de Encerramento a 10 de Novembro de 1953;
- Livro de Actas dos Autos de Posse - com 30 folhas não rubricadas, com as datas extremas: 31 de Dezembro de 1970 (Termo de Abertura) e 29 de Abril de 2005;
- Livro Actas da Direcção (primeiro) - com 100 folhas rubricadas, com as datas extremas: 30 de Agosto de 1947 (Termo de Abertura e Acta nº1) a 31 de Agosto de 1967 (Acta nº 252).
Nesta breve análise, constatou-se a existência de lacunas. Assim, no livro de Actas da Assembleia Geral existe uma interrupção na elaboração de actas entre 06 de Dezembro de 1970 (Acta nº34) e 20 de Dezembro de 1984 (Acta nº35), bem como ausência de actas após 28 de Dezembro de 2002. Quanto ao livro de Actas dos Autos de Posse, após a primeira tomada de posse lavrada neste livro, dá-se um interregno até 03 de Abril de 1976, data em que tomou posse uma Comissão Administrativa. Este interregno dever-se-á certamente às mudanças após Abril de 1974, surgindo apenas a 09 de Maio de 1981 a tomada de posse de um elenco directivo, mantendo-se a periodicidade (triénio) até à data.
António Fernandes Gonçalves - Licenciado em Ciências Sociais/História, aluno do Mestrado em Cultura e Poderes da Universidade do Minho